Quando você decidiu trabalhar com literatura?
Minha mãe escrevia contos de fadas para mim quando pequena e isso me instigou a querer criar minhas próprias histórias também. Sempre foi minha verdadeira inspiração.
Aos 12 anos eu já escrevia em comunidades do Orkut, e quando encontrei o site Nyah! Fanfiction desenvolvi o meu primeiro livro. Tomei cada vez mais gosto pela coisa. Mas foi em 2007 que tudo mudou: tive contato com comunidades online de escritores da plataforma Wattpad. Tinha tanta gente interagindo e se ajudando naqueles espaços. Ver que existia pessoas lendo e me acompanhando, que realmente gostavam do que eu escrevia foi o que fez girar a chave de vez e me fez querer ser escritora.
Eu descobri um grupo no Facebook chamado Sociedade Secreta dos Escritores Vivos e no grupo tinha essas interações pensadas para dar um suporte aos escritores. Foi lá que conheci um dos betas mais importantes para na minha carreira, o Gabriel. Ele é poeta e autor na Amazon, foi a pessoa que me mais me incentivou a adentrar plataformas e agarrar oportunidades.
Que tipo de histórias você conta?
Eu tenho a missão de escrever um pouco de cada gênero porque quero alcançar todo mundo. Mas sou muito aberta para o Drama. Sou canceriana, então sempre tive mais facilidade com isso. Estudei ciências sociais, então tenho essa coisa de querer cutucar a ferida da sociedade. Gosto demais também de Baixa Fantasia, sabe? Sou fascinada por criaturas mágicas vivendo no mundo entre os humanos.
Sempre gostei de escrever temáticas LGBT antes mesmo de me identificar como lésbica, então é fácil de perceber que está sempre presente nas minhas historias, assim como questões do ponto de vista feminino. Minhas protagonistas são todas mulheres, com exceção do conto “Essa festa virou um slasher!” que tem um homem.
E sempre vai ter crítica social. Gosto de discutir aspectos da sociedades que não me caem bem. Então minhas histórias carregam sempre alguma crítica, por exemplo, ou à igreja católica, ou à mídia, ou ao sistema de saúde. Acabo levantando discussões sobre essas grandes instituições.
Qual é o seu envolvimento com contos?
Foi através de antologias que conheci o formato “conto”. Muitos anos atrás, eu estava publicando um romance na plataforma Wattpad, quando conheci a Maria Freitas (@themariafreitas). Ela queria fazer uma antologia de contos LGBT, e eu acabei escrevendo dois contos pra ela. Quando a Maria Freitas me chamou pra participar da segunda coletânea saiu O centro de todo o caos, e foi a partir dessa experiência que eu vi que dava para trabalhar uma história completa dentro de um conto. Eu era uma pessoa que escrevia muito dentro de uma cronologia, mas percebi que dava para brincar com a narrativa, voltar, ir pra frente, mudar de ponto de vista. Depois disso, publiquei na Amazon e vi que as pessoas publicavam muitos contos na plataforma.
O que pode nos contar sobre seu novo conto publicado na Amazon “Sobre namoradas e lobos?”
Qual é o seu envolvimento e percepção sobre literatura lésbica?
Me considero uma autora de literatura sáfica. Escrevo muito sobre amor e a relação entre mulheres. Desde que eu resolvi escrever sobre mulheres, o que é ser mulher e como isso pode ser moldado pela sociedade, não parei mais. Todas as minhas histórias mais recentes tiveram o foco principal em mulheres sáficas, e não é uma coisa que vejo mudando tão cedo. Gosto de trabalhar esse tema, pois dá para colocar muito da minha vivência, minha forma de ver o mundo por ser uma mulher lésbica.
Sempre li muitas histórias sobre se descobrir lésbica, sobre se apaixonar, e ultimamente eu tenho visto também em outros gêneros como fantasia, terror e ficção científica. O que une esses tipos de narrativas é o fato de serem protagonizados por mulheres que se relacionam com outras mulheres, e o público que se identifica e se vê representado nessas histórias.
Desde que cheguei na Amazon, tenho conseguido consumir mais literatura sáfica, ainda acho escasso, mas quem vejo produzindo eu consumo (risos). Posso recomendar os livros da Livia Ferreira, principalmente Carnaval Amarelo, e Luzes do Norte, da autora Giulianna Domingues
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