Em parceria com Licia Mayra (@liciamayra), o Portal Cataprisma traz a vocês a resenha de Acalanto, uma história de Auryo Jhota (@auryoj) acompanhado de uma breve entrevista concedida pelo autor.
JÁ OLHOU DEBAIXO DA SUA CAMA HOJE?
Acalanto, livro do piauiense Auryo Jotha, se desenvolve em terreno movediço, típico dos sonhos - ou melhor, dos pesadelos. Através de uma mescla de lendas e brincadeiras nordestinas, o autor delineia um drama familiar e psicológico. A narrativa cresce tal qual as labaredas de um incêndio e joga o leitor ora contra, ora a favor dos dois adultos, Lúcia e Jorge, outrora crianças ameaçadas pelo bicho papão e por medos maiores. Com direito a uma reviravolta que faz o leitor voltar ao início para pegar todas as pistas que deixou escapar, Acalanto é daqueles livros que, uma vez abertos, são impossíveis de largar.
Bicho papão é remédio pra menino ruim. Ao menor sinal de desobediência, é só chamar a criatura que se esconde debaixo da cama e devora criancinhas. Mas e quando a criança vira amiga do mal?
Numa casa socada abaixo do nível da rua na zona Sul de Teresina, uma menina faz uma amizade inusitada. As brincadeiras de esconde-esconde com Tutu tornam-se perigosas à medida que ele passa a brincar com os adultos, quer eles queiram ou não, trazendo à tona memórias e segredos há muito esquecidos debaixo dos móveis. Rapidamente, a pequena residência transforma-se num cenário de horror, onde nada é o que parece.
Quer conhecer o autor Auryo Jhota?
Quando decidiu seguir o caminho da escrita?
Não lembro direito, parece que foi algo que sempre esteve aí me rondando, apesar de que nunca tiveram muitos livros em casa. Qualquer coisa eu jogo a culpa numa professora do fundamental que fez uma atividade em que cada estudante tirava três imagens recortadas de livros e revistas de dentro de uma caixa e tinha que montar um parágrafo contando uma história com os três elementos. Terminei com umas três páginas.
Quais dificuldades você encontrou e como as superou?
As maiores dificuldades que me deparei é conciliar a vida "civil" com a de escritor, infelizmente arte é difícil de dar dinheiro, a gente precisa de um emprego para bancar esse "hobby". Fora isso ainda tem a questão de divulgação, é complicado alcançar as pessoas. Agora como superei... cara, isso não tá superado, mas tô indo à base de teimosia e por conta dos coletivos literários que dão uma força pra gente.
Quais são os gêneros e temáticas que você trabalha em suas narrativas?
Meu foco é na ficção especulativa: fantasia, terror e ficção científica. Na maioria das vezes misturo, vários elementos desses gêneros e de seus subgêneros. Diria que trabalho bastante lendas locais, luto/perdas, coisas do cotidiano
Como foi a concepção de Acalanto?
Eu tinha umas três cenas grandes. Meu plano era escrever três contos separados. Então, veio o podcast Covil do Terror com a proposta de um spin-off em que eu narraria histórias minhas com efeitos sonoros e tudo mais. Como eu queria algo inédito acabei pegando todas essas cenas que tinha um elemento em comum: um bicho-papão, e assim surgiu o Acalanto.
Quando comecei a escrever, a pesquisa já tava feita. Foi mais tranquilo nesse quesito. Ela (a pesquisa) envolveu livro de folcloristas (abstraindo sempre o racismo que eles deixam escapar para as páginas dos livros deles), contos populares e relatos de pessoas que conheço que tiveram algum estranho acontecendo com elas e que não conseguem explicar direito o que foi, ah, ia esquecendo, e creepypastas também.
Arte de vitrine e entrevista por Filipo Brazilliano
Resenha por Licia Mayra
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