Tête-à-tête com Gabriel Blosfeld, autor de A Casa da Colina

 O escritor Gabriel Blosfeld Nunes (@gabriel_blosfeld), autor de A Casa da Colina, será um dos convidados especiais de uma live que acontecerá no dia 11 de Abril, quinta feira, às 19h00, no perfil do Instagram de Filipo Brazilliano (@filipobrazilliano). Durante a roda de conversa, eles irão conversar sobre projetos e produções literárias.

Autor Gabe Blosfeld
 

Gabriel Blosfeld Nunes nasceu em Campo Grande, em 2002. Publicou seu primeiro livro de horror: “A Casa Da Colina” em 2022. Atualmente com dedicação exclusiva à produção literária. Seu Segundo romance está em andamento e também será um horror. 

Em sua obra “A Casa da Colina”, Gabriel Blosfeld nos transporta para um cenário sombrio, onde um grupo de jovens desajustados é lançado em tempos de horror quando a melhor amiga, que servia como ícone de compaixão e união desse pequeno grupo, é brutalmente assassinada por uma terrível e incompreensível criatura. Essa criatura se esconde em uma velha e abandonada casa na colina. Determinados a desvendar a verdade, os jovens se veem gradualmente envolvidos nas raízes corruptas da cidade. Mistérios mais perigosos e insanos do que jamais sonharam começam a emergir, arrastando-os para uma espiral de suspense e terror. A pergunta paira no ar: sobreviverão aos horrores que residem naquela casa? Ou serão apenas as próximas vítimas dos terrores que habitam a cidade de PedraVelha?

Imagem da capa do livro "A Casa da Colina"

Em um bate papo com o Portal Cataprisma, Gabriel Blosfeld Nunes contou detalhes de seus processos e como geralmente atua em seus projetos literários. Confira a seguir a entrevista na íntegra

Tête-à-tête com Gabriel Blosfeld Nunes

Collage digital de Gabes Blosfeld

1) Conte um pouco sobre o seu envolvimento com a literatura.


Para ser sincero, meu primeiro contato com a literatura foi inadequado; eu era apaixonado por filmes e, por volta dos seis anos, assisti ao filme “Carrie” dirigido por Brian De Palma. Talvez eu não devesse ter visto tão jovem, mas o fiz. E descobri que havia um livro associado àquela história. Por sorte, ele estava disponivel na biblioteca local (na época eu vivia em Búzios).

Foi ali, nas páginas daquele livro, que meus olhos se abriram para duas revelações: Primeiramente, percebi que os adultos não se importavam tanto com o conteúdo que uma criança lia, desde que ela estivesse lendo. Em segundo lugar, descobri que haviam pequenos mundos escondidos à olho nu, esperando para serem explorados.

Na minha infância, fui uma criança muito solitária, sempre mudando de um estado para o outro. Percebi que esses “pequenos mundos” podiam estar comigo a qualquer momento e em qualquer lugar. Rapidamente me tornei um explorador, lendo quaisquer coisas ao meu alcance.

Eu adorava contar histórias. Ainte entre os seis e sete anos, eu dizia para todos que queria ser roteirista quando eu crescesse. Com o amadurecimento, percebi que o que eu realmente desejav era ser um contador de histórias; independente dos meios, tentando entender as ferramentas que cada método apresenta.

Sobre meu propósito com a literatura, eu diria que atualmente procuro combater a violência consumível e o cinismo. Mas, sei que a resposta para essa questão também varia de história para história e de dia para dia.

2) Teve dificuldades dentro do meio literário que precisou superar? Qual foi sua maior evolução enquanto escritor?

Me deparei com obstáculos únicos, o primeiro deles foi o marketing. Como escritores independentes, dependemos demais da promoção e recepção de nossas obras, e temos pouco controle sobre isso, especialmente se não temos verba. Além disso, há uma mentalidade coletiva e imperialista que tende a considerar nossos conteúdos como “inferiores” em comparação com os importados. Esse é um desafio diário que eu enfrento há dois anos como autor.

O segundo maior desafio é a cobrança interna. No mercado literário, vemos muitos autores independentes produzindo uma quantidade de obras impressionantes em curto espaço de tempo, se aliando aos nichos. Embora ache louvável, essa abordagem não funciona para mim. Cada um de nós tem seu próprio ritmo. Compreender que minha frequência de criação difere da de outras pessoas é uma batalha constante.

A questão sobre a maior evolução enquanto escritor é difícil de quantificar, mas, mesmo com apenas um livro lançado até o momento, consigo identificar um salto significativo na minha escrita com o segundo livro (graças às críticas que recebi com A Casa da Colina). Contudo, eu comecei a escrever contos e histórias para os meus amigos quando eu era bem novo e eles sempre me desafiaram a melhorar conforme todos foram envelhecendo e amadurecendo seus gostos.

Por conta das diversas mudanças que fiz entre meus 3 e 15 anos, essa comunidade de amigos foi se tornando muito rica e diversa e muitos desses textos ainda reverberam nas minhas obras. A voz dessa mesma comunidade me ajuda a avançar em como abordar melhor as minhas ideias, uma vez que elas germinam de verdade.

3) Quais gêneros você costuma trabalhar e quais temáticas são recorrentes em suas narrativas?

Horror é um grande alicerce na minha escrita. Posso citar que o absurdismo, surrealismo, meta-espiritualismo, sonhos e o onírico no geral estão presentes em todos os meus textos de alguma forma, às vezes mais diretamente e às vezes menos. – Me sinto muito apegado ao cômico aplicado fora do contexto da comédia, algo que eu utilizo bastante em meus personagens e seus trejeitos “exagerados”. Mas, os gêneros nunca vêm primeiro. Sempre são os temas e a narrativa. Eu gosto de narrar o que vi e o que vivi. O que eu vi na minha vida foram enormes tragédias consecutivas, mas sempre levadas com bom humor, compaixão e amizade, mesmo nos momentos mais difíceis. Então eu poderia dizer que esse é o principal tema de cada uma das minhas obras e aqueles alicerces surgem ao redor naturalmente.

4) Quais obras já produziu e o que o leitor irá encontrar assim que adquirir as histórias?

Tirando algumas fanfics que já não existem mais (oficialmente), eu lancei “A Casa da Colina” e nele eu discuto bastante a moralidade humana e a violência consumível.

Meus personagens são jovens como os jovens que eu conheço, são falhos, têm atitudes e pensamentos malvados por momentos; mas, querem ser melhores no fim das contas e estão perdidos nessa cidade particularmente hedionda, onde os crimes são comuns e tratados com naturalidade enquanto tentam encontrar essa melhora.

A história gira em torno da morte da amiga que servia como ícone de compaixão e união desse pequeno grupo, uma morte misteriosa que faz com que eles se unam mais do que tudo enquanto enfrentam perigos que a maioria iria preferir virar o rosto.

Eu detesto o quão sádicas se tornaram as narrativas nos últimos tempos, somos bombardeados com a maldade sem motivo, com vários rostos. A televisão fala disso, os filmes mostram isso, os jornais se alimentam disso; somos bombardeados com uma violência que não causa nada no coração da maioria das pessoas hoje em dia. O filme de horror da semana tem que ter o triplo de mortes que o anterior, senão não há atenção de verdade, afinal, todos estão acostumados com isso ao redor delas o tempo todo.

Eu queria o meu texto longe disso, o oposto disso; há violência e maldade por todos os lados na narrativa, mas eu queria fazer as pessoas se importarem e torcerem pelo bem e a compaixão de todos os personagens, até os que pareciam sem salvação.

Espero ter construído isso com a personagem da Laura e talvez ter feito alguns leitores me odiarem por ter matado ela em primeiro lugar. Em ter iniciado aquela história para começo de conversa.

5) O que pode nos contar sobre a concepção das suas ideias e seu processo de escrita?

A maioria deles surgem muitos anos antes de se tornarem algo, em conversas cotidianas, sonhos, pequenos momentos que vão ecoando ao longo dos anos até tomar uma forma. A Casa da Colina começou a surgir na minha mente com 10 anos, havia uma casa destruída no alto de uma enorme subida perto da praia de Tucuns. A casa era muito grande e assustadora, eu e minha irmã apostávamos em quem conseguiria chegar mais perto e quanto mais perto íamos, maior e mais aterrorizante a casa se tornava. Esse pensamento ficou na minha cabeça por algum tempo. Quando eu tinha 15 e morava em Campo Grande, Mato Grosso do Sul (minha terra natal), participei de um concurso de contos no colégio integral que frequentava. Escrevi um pequeno texto sobre um menino que se sentia preso em sua própria cidade. O que começou como um drama foi lentamente ganhando elementos de terror, alimentados pelas memórias desse menino em relação a casa destruída próxima à saída da cidade. No final, o medo tomava conta do menino e ele não saia da cidade. Eu odiava o final daquele conto, achava terrível. Então, já com 19 e morando em São Paulo, resolvi retomar esse conto e comecei a expandir um pouquinho o passado desse menino, e então comecei a mexer no meio. Vendo aquelas memórias de Mato Grosso do Sul, os amigos que deixei para trás e as coisas boas e terríveis que ocorreram com cada um deles. Quando vi, o texto já havia tomado um caminho que eu não esperava. Não era mais um conto e sim um livro, não era mais um drama e sim um horror, não era mais apenas sobre o medo de um menino, mas o medo de todos os habitantes e como todos naquela cidade eram omissos; era uma história de Coming of Age sobre um grupo de jovens que se vê perdido e quer encontrar respostas no que há de vir no dia seguinte. A maioria das minhas ideias vão sendo concebidas assim, mudando e mudando ao longo dos anos até eu ler e sentir algo dentro de mim.


6) Como você percebe que suas obras atingem as pessoas?

A Casa da Colina atingiu muitas pessoas, mais do que eu jamais imaginava para ser sincero. Não foi um número astronômico, mas me deixou feliz da vida! percebo que essas pessoas receberam o texto de duas formas bem diversas; algumas chegaram a me mandar mensagens no privado falando de como se apegaram (o que era minha intenção) e muitas outras pessoas não gostaram dos caminhos que eu tomei, principalmente com o final do livro. Acho ambas válidas e gosto de ler críticas, algumas dessas críticas estou levando para meu próximo livro e outras são apenas interessantes de pensar, eu me divirto muito vendo alguns comentários. A melhor delas foi um áudio, me xingando de cima a baixo e finalizando dizendo que o livro era bom. Era uma crítica positiva e divertidíssima, de alguém que entendeu. A Casa da Colina de Gabriel Blosfeld Nunes pode ser adquirida no formato digital através da plataforma Amazon Entrevista por Filipo Brazilliano Arte de Vitrine por Filipo Brazilliano



1 Comentários

Postagem Anterior Próxima Postagem